Entro num bar-restaurante mequetrefe de uma cidadezinha pequena no meio de uma região árida.
Uma estante de vidro empoeirada a esquerda com miniaturas de ídolos do rock.
Sou atendida por um negro, alto, de cabelo raspado, olhos castanhos e voz
grossa. Ele me soa familiar; mas não sei dizer de onde o conheço. Observando
tudo a volta, vejo as paredes forradas de capas de disco de vinil antigas. A
comida é simples, o atendimento parece um grupo de conhecidos falando em
códigos que só eles entendem. Mas o meu garçom tem uma cara familiar, e de
desesperançado... Surge uma menina da rua e reclama: - hey, a máquina engoliu
meu dinheiro e não quer me dar minha miniatura!. Quem vc pediu?- pergunta a
mulher do caixa. E a menina responde o nome de um vocalista de uma banda que
nunca ouvi falar! A mulher explica que esse modelo havia saído de linha.
Flashback... sobre uma sepultura, um rapaz loiro, estatura média, e magro, está
desmaiado. Atordoado, acorda, tentando reconhecer o local a sua volta. A
sepultura do meio, era sua, e as do lado direito e esquerdo, de colegas de sua
banda (ele era o vocalista ao qual a menina do bar se referia). Ele se põe a
chorar e lembra o que havia acontecido. Sob influencia de drogas, havia se
envolvido num acidente e causado a morte de seus colegas. Chorando de soluçar, percebe
a roupa que usava. Uma roupa comum, jeans e camiseta, mas a camiseta trazia
alguma frase do tipo “Jesus salva”. Relembrou que sua morte havia sido forjada,
e que havia passado tempo em uma casa religiosa de reabilitação. Diante daquela
situação, ele tem um epifania, tira a roupa e deixa em cima de seu túmulo e sai
dali de cueca... Voltando ao bar, eu começo a desconfiar que aquele garçom
poderia ter sido um guitarrista de uma banda de rock antiga, que fez pouco
sucesso... mas ele estava tão diferente, magro, com aspecto de doente, e
lesado, que...seria ele mesmo? Resolvi perguntar; e a mulher do caixa me ouve
questionando-o, e vem dizer que estou errada, mesmo assim, o garçom mostra que
estou certa por trás da mulher. Nisso a cena passa por trás do restaurante, um
corredor escuro leva a um caminho onde estão confinados vários ex-rockstars,
todos tidos como mortos, cada um em uma cela, com seu cabelo raspado, aparência
de subnutridos, fracos, confusos, lesados, e cansados. Um guarda da carceragem,
um negão alto, forte estava encarregado de botá-los pra dormir a noite. Usava
um aparelho que baixava a temperatura a ponto de deixá-los tontos, e enviava
uma pílula goela abaixo... esses ex-rockstars serviam de molde para a
fabricação das miniaturas durante o dia, e passavam a vida aprisionados como
ratos de laboratório. A cena foca em uma cela vazia... há vestígios de que a
cela havia sido habitada por alguém... esse alguém, era o tal vocalista, cuja
miniatura não estava mais disponível; ele havia fugido a prisão, e o negão
estava só esperando ele cometer um erro para rastreá-lo e prendê-lo novamente.

Parabens Gi, emocionante, já pensou em escrever um livro? Você venderia muito, pois você escreve maravilhosamente!
ResponderExcluirInteressante a narrativa tipo stream of consciousness, é onírica sem deixar de parecer verossímil. Pena que esqueço dos meus sonhos assim que acordo, senão escreveria sobre eles no meu blog... Por sinal, adicionei o seu blog lá, na minha lista. É sempre bom ler o que uma colega de profissão e de mestrado escreve.
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